sexta-feira, 30 de novembro de 2012

NOVO SITE

PESSOAL É COM GRANDE SATISFAÇÃO QUE NÓS ANUNCIAMOS A CRIAÇÃO DO INSTITUTO CULTURAL SETE ENCRUZILHADAS.
SERÃO MINISTRADOS, CURSOS, PALESTRAS E WORKSHOP.
CONTATO:
PELO SITE
ACOMPANHE NOSSOS DIVERSOS CURSOS E NOSSO NOVO BLOG!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

CD: OXOSSI E REI

 

PATUA PARA AMOR

MATERIAL:

  • 1 PEDAÇO DE PANO AMARELO
  • 1 PINGENTE EM FORMA DE CORAÇÃO
  • PÉTALAS DE ROSAS AMARELA
  • UM FIGA DE GUINÉ
  • UM ANIZ ESTRELADO
  • 5 SEMENTES DE MAÇÃ

COLOQUE TUDO DENTRO DO PANO AMARELO E CONSAGRE NA FORÇAS DE MAMÃE OXUM PEDINDO QUE AFASTE DE VOCÊ AQUELES FALSOS AMORES, APROVEITADORES E ETC.

domingo, 11 de novembro de 2012

OFERENDA PARA XANGO

CLICK NA IMAGEM PARA AMPLIAR
 
 

OFERENDA IANSÃ NA UMBANDA

CLICK NA IMAGEM PARA EXPANDIR
 
 
 
 


IMPOTÊNCIA MASCULINA

Pegue um parafuso de linha de trem e coloque-o no fogo até ficar bem quente. Quine folhas de aroeira em um chá bem forte de de Pau resposta com um pouco de gim.Coloque o parafuso de linh em brasa dentro do l´quido, ofercendo a Ogum e fazendo seus pedidos.Guarde o parafuso junto com suas roupas íntimas.
 
 

Oríkì à Osàlà

Oríkì à Osàlà



Obanla o rin n'eru ojikutu s'eru. Obà n'ille Ifon alabalase

oba patapata n'ille iranje. O yo kelekele o ta mi l'ore. O

gba a giri l'owo osika. O fi l'emi asoto l'owo. Oba igbo

oluwaiye re e o ke bi owu la. O yi ala. Osun l'ala o fi

koko ala rumo. Obà igbo.




Tradução

Rei das roupas brancas que nunca teme a aproximação da

morte. Pai do Paraíso eterno dirigente das gerações.

Gentilmente alivia o fardo de meus amigos. Dê-me o poder de

manifestar a abundância. Revela o mistério da abundância.

Pai do bosque sagrado, dono de todas as benções que aumentam

minha sabedoria. Eu me faço como as Roupas Brancas. Protetor

das roupas brancas eu o saúdo. Pai do Bosque Sagrado.

domingo, 4 de novembro de 2012

OFERENDA PARA CIGANINHA

Para Cigana ajudar  um casamento sempre prosperar

01 balaio com alça
05 espelhos redondos e pequenos
01 garrafa de vinho
07 velas (uma de cada cor) menos pretas
200gr de semente de girassol
200gr de arroz com casca
200gr de grão de bico
200gr de ervilha seca
200gr de lentilha
200gr de grãos de trigo
200gr de grãos de aveia
05 qualidades de doces
Incenso em palito
01 pandeiro pequeno
01 metro de cetim vermelho
01 taça

Forre o balaio com o pano de cetim e  coloque o nome da pessoa com os pedidos, por cima vá colocando os grãos, enfeite em volta com os espelhos e vá alternando com  os doces e os incensos e por último coloque o pandeiro. Coloque a taça com vinho ao lado e o restante deixe na garrafa. Acenda as velas em volta e peça à cigana que te ajude a conseguir o que está desejando.
 
LEMBRE-SE  ENTREGUE NA NATUREZA APENAS OS GRÃOS O RESTO GUARDE PARA SUAS FUTURAS OFERENDAS.!

OFERENDA PARA EXU CAVEIRA

 
 
MATERIAL:
 
UMA CEBOLA ROXA
UMA FOLHA DE PAPEL DE SEDA ROXO
FARINHA DE MANDIOCA GROSSA
UMA DOSE DE PINGA
ZIMBRO
PIPOCA ESTOURADA NO AZEITE DE DENDE
 
 
PROCEDIMENTO: AMASSE O ZIMBRO COM A AJUDA DE UM PILÃO PEQUENO E MISTURE COM A PINGA. MISTURE COM A FARINHA DE MANDIOCA E POR CIMA A PIPOCA ESTOURADA COM AZEITE DE DENDE E ENFEITADA COM A CEBOLA ROXA. FORRE O CHÃO COM A FOLHA DE SEDA E COLOQUE UM FOLHA DE MAMONA GRANDE POR CIMA ONDE DEVE SER ARRUMADO A OFERENDA.

LIVRO: O GUARDIÃO DA MEIA NOITE


 
Editora: Madras
Este é um livro de ensinamentos éticos, envolvendo os tabus da morte e dos erros vistos sob uma nova ótica. Nova porque somente agora está sendo quebrada a resistência da ciência oficial, mas que é, realmente, muito antiga, anterior aos dogmas que insistem em explicar tudo pela razão extraída nos laboratórios.

CARTILHA SOBRE DIVERSIDADE RELIGIOSA

 
 

 
CARTILHA DEDICADA A TODOS PARTICIPANTES DA CULTURA AFRO BRASILEIRA.
 
E INDISPENSÁVEL SUA LEITURA!

FILME: O BESOURO


 
 
Besouro (Ailton Carmo) foi o maior capoeirista de todos os tempos. Um menino que -- ao se identificar com o inseto que ao voar desafia as leis da física -- desafia ele mesmo as leis do preconceito e da opressão. Passado no Recôncavo dos anos 20, Besouro é um filme de aventura, paixão, misticismo e coragem. Uma história imortalizada por gerações, que chega aos cinemas com ação e poesia no cenário deslumbrante do Recôncavo Baiano.
Quando Manoel Henrique Pereira nasceu, não havia nem dez anos que o Brasil tinha sido o último país do mundo a libertar seus escravos.
Naqueles tempos pós-abolição nossos negros continuavam tão alijados da sociedade que muitos deles ainda se questionavam se a liberdade tinha sido, de fato, um bom negócio. Afinal, antes de 1888 eles não eram cidadãos, mas tinham comida e casa para morar. Após a abolição, criou-se um imenso contingente de brasileiros livres, porém desempregados e sem-teto. A maioria sem preparo para trabalhar em outros serviços além daqueles mesmos que já realizavam na época da escravatura. E quase todos ainda sem a plena consciência de sua cidadania. O resultado desse quadro, principalmente nas regiões rurais, onde estavam os engenhos de açúcar e plantações de café, foi o surgimento de um grande contingente de negros libertos que continuavam, mesmo anos após a abolição, submetendo-se aos abusos e desmandos perpetrados por fazendeiros e senhores de engenho.
Assim era sociedade rural brasileira de 1897, ano em que Manoel Henrique Pereira, filho dos ex-escravos João Grosso e Maria Haifa, nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano.
Vinte anos depois, Manoel já era muito mais conhecido na cidade como Besouro Mangangá - ou Besouro Cordão de Ouro -, um jovem forte e corajoso, que não sabia ler nem escrever, mas que jogava capoeira como ninguém e não levava desaforo para casa. Como quase todos os negros de Santo Amaro na época, vivia em função das fazendas da região, trabalhando na roça de cana dos engenhos. Mas, ao contrário da maioria, ele não tinha medo dos patrões. E foram justamente os atritos com seus empregadores - e posteriormente com a polícia - que deixaram Besouro conhecido e começaram a escrever a sua imortalidade na cultura negra brasileira.
Há poucos registros oficiais sobre sua trajetória, mas é de se supor que a postura pouco subserviente do capoeirista tenha sido interpretada pelas autoridades da época como uma verdadeira subversão. Não por acaso, constam nas histórias sobre ele episódios de brigas grandiosas com a polícia, nas quais ele sempre se saía melhor, mesmo quando enfrentava as balas de peito aberto. Relatos de fugas espetaculares, muitas vezes inexplicáveis, deram origem a seu principal apelido: Mangangá é uma denominação regional para um tipo de besouro que produz uma dolorosa ferroada. O capoeirista era, portanto, "aquele que batia e depois sumia". E sumia como? Voando, diziam as pessoas...
Histórias como essas, verdadeiras ou não, foram aos poucos construindo a fama de Besouro. Que se tornou um mito - e um símbolo da luta pelo reconhecimento da cultura negra no Brasil - nos anos que se sucederam à sua morte.
Morte que ocorreu, também, num episódio cercado de controvérsias. Sabe-se que ele foi esfaqueado, após uma briga com empregados de uma fazenda. Registros policiais de Santo Amaro indicam que ele foi vítima de uma emboscada preparada pelo filho de um fazendeiro, de quem era desafeto. Já a lenda reza que Besouro só morreu porque foi atingido por uma faca de ticum, madeira nobre e dura, tida no universo das religiões afro-brasileiras como a única capaz de matar um homem de "corpo fechado".
E Besouro, o mito, certamente era um desses.

sábado, 3 de novembro de 2012

FIME: AMULETO DE OGUM

 
 
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Roteirista(s): Nelson Pereira dos Santos, Francisco Santos
Gênero: Drama
Origem: Brasil
Ano: 1974
 
Sinopse:

Cercado por três bandidos, violeiro cego conta a história do nordestino que se mete com marginais da Baixada Fluminense, é morto, mas ressuscita, protegido por Ogum.
Elenco:

Ney Santanna
Anecy Rocha
Jofre Soares
Maria Ribeiro
Emmanuel Cavalcanti
Jards Macalé
Erley José
Francisco Santos
José Marinho
Antônio Carlos de Souza Pereira
Ilya São Paulo

"Amuleto de Ogum" é o melhor filme do Nelson e um dos melhores filmes do cinema nacional. Sinto um cinema moderno, pulsante, e extremamente atual e pertinente, acho que poucas vezes alguém filmou tão bem a religiosidade do brasileiro e isso, óbvio, tinha que. ser feito por um ateu como o Nelson. Você percebe que o filme crê no que mostra, ou no mínimo, tem um gigantesco respeito por quem crê no que ele mostra. A cena dos garotos pegando as armas e a cena da tortura com os meninos são verdadeiros achados que remetem a filme atuais como "Cidade de Deus", e nesse sentido, é um filme premonitório de como o crime iria se articular a partir de então. O "quase" plano final rodado no mar com Nei Sant'Anna ressurgindo é na minha opinião o grande plano de toda a história do cinema nacional. Enfim, eu poderia discorrer linhas e linhas. - Eduardo Aguilar, leitor

A ressurreição de Gabriel me marcou indelevelmente 35 anos atrás - para mim foi como cruzar um umbral, a visão do mundo nunca mais foi a mesma. Gosto também do aspecto lúdico, veja que para contornar o corpo fechado fazem um trabalho que o torna alcóolatra. Para mim a história é superior ao filme, concordo que a realização poderia ser melhorada - mas só de ter feito a obra o NPS já merece todos os elogios.

O VODU HAITIANO - RETIRADO REVISTA XIRÊ

O Vodu haitiano, chamado de Sèvis Gine ou “serviço africano” no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Ibo, Congo da África Central, e o Yoruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou “nações” da África têm representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios Taíno, os povos originais das ilhas agora conhecidas como Hispaniola. Formas crioulas de Haiti de Vodu existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, Candomblé e Umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.
 
História
A maioria dos africanos que foram trazidos como escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes de Vodu (aqueles africanos trazidos ao sul dos Estados Unidos, eram primeiramente do reino de Congo). A sobrevivência do sistema da crenças no novo mundo é notável, embora as tradições mudem com o tempo. Uma das maiores diferenças, entretanto, entre o Vodun africano e o Haitiano é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a disfarçar o seu lwa, ou espíritos, como santos católicos romanos, um processo chamado sincretismo.
A maioria dos peritos especula que isto foi feito numa tentativa de esconder a sua “religião pagã” de seus senhores, que os tinham proibido de praticar. Dizer que o Vodu haitiano é simplesmente uma mistura das religiões africanas ocidentais com um verniz de Catolicismo romano não estaria inteiramente correto.
Isto estaria ignorando numerosas influências indígenas Taíno, assim como o processo evolutivo a que Vodu se submeteu ao longo da história do Haiti. Também estaria ignorando a grande influência do paganismo europeu no Catolicismo romano e o panteão dos seu próprios santos.
Vodu, como conhecemos no Haiti e na diáspora Haitiana hoje, é o resultado das pressões de muitas culturas e etnicidades diferentes dos povos que foram desarraigados da África e importados a Hispaniola durante o comércio africano de escravos. Sob a escravidão, a cultura e a religião africanas foram suprimidas, as linhagens foram fragmentadas, e as pessoas tiveram que ocultar seu conhecimento religioso e a partir desta fragmentação tornou-se unificada culturalmente.
Além do mais, para combinar os espíritos de muitas e diferentes nações africanas e indígenas, as partes da liturgia católica romana foram incorporadas para substituir rezas ou elementos perdidos; além disso, as imagens de santos católicos são usadas para representar os vários espíritos ou “misteh” (“mistérios”, o termo preferido em Haiti), e muitos santos mesmos são honrados no Vodu em seu próprio direito. Este sincretismo permite que o Vodu abranja o africano, Indígena, e os antepassados europeus em uma maneira inteira e completa. É verdadeiramente “Religião de Kreyòl”.
A cerimônia mais importante historicamente do Vodu na história do Haiti era a cerimônia Bwa Kayiman ou Bois Caïman de agosto 1791, que começou a Revolução Haitiana, em que o espírito de Ezili Dantor possuía um clérigo e recebia um porco preto como oferenda, e todos as pessoas presentes comprometeram-se com a luta pela liberdade. Esta cerimônia resultou finalmente na libertação dos povos do Haiti da dominação colonial francesa em 1804, e o estabelecimento da primeira república de povos negros na história do mundo.
Este Vodu Haitiano cresceu nos Estados Unidos de forma significativa a partir do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970 com as levas de imigrantes haitianos fugindo do regime opressivo de Duvalier, estabelecendo-se em Miami, Nova Iorque, Chicago, e outras cidades.
 
Desconhecimento
O vodu é uma crença sincrética, que combina elementos do catolicismo e de religiões tribais da África com raiz semelhante ao candomblé praticado no Brasil .
No vodu se venera um deus principal, o ´Bon Dieux´ e aos antepassados. Como esta crença é pouco conhecida, seu nome costuma invocar ritos tribais nos quais um feiticeiro crava agulhas em um boneco para fazer com que alguma vítima, talvez a muitos quilômetros de distância, sofra dores horríveis, ataques cardíacos ou doenças incuráveis. O vodu é associado com frequência ao Haiti, dado que os sanguinários ditadores François e Jean-Claude Duvalier usavam tais rituais para amedrontar suas vítimas. A palavra vem do vocábulo africano “Dahomey vodun” ou Vodun da África Ocidental, que significa espírito ancestral.

Crenças

No vodu haitiano acredita-se, de acordo com tradição africana difundida, que há um Deus que é o criador de tudo, chamado de “Bondje” (do francês “bon Dieu” ou “bom deus”, distinguido do Deus dos brancos em um discurso dramático pelo houngan Boukman em Bwa Kayiman, mas é considerado frequentemente o mesmo Deus da Igreja Católica de maneira informal. Bondje é distante de sua criação, e assim é que são os espíritos ou os “mistérios”, “santos”, ou “anjos” que o voduísta invoca para a ajudá-lo, assim como os antepassados. O voduísta adora o deus, e serve aos espíritos, que são tratados com honra e respeito como se fossem membros mais velhos de uma casa. Diz-se que são vinte e uma nações ou “nanchons” dos espíritos, também chamadas às vezes “lwa-yo”. Algumas das nações mais importantes do lwa são o Rada, o Nago, e o Kongo. Os espíritos vêm também nas “famílias” que compartilham de um sobrenome, como Ogou, ou Ezili, ou Azaka ou Ghede. Por exemplo, “Ezili” é uma família, Ezili Dantor e Ezili Freda são dois espíritos individuais nessa família. A família de Ogou é de soldados, o Ezili governa as esferas femininas da vida, o Azaka governa a agricultura, o Ghede governa a esfera da morte e da fertilidade. No Vodu dominicano, há também uma família de Água Doce ou “das águas doces”, que abrange todos os espíritos dos índios. Há literalmente centenas de lwas. Os lwas mais conhecidos são Danbala Wedo, Papa Legba Atibon, e Agwe Tawoyo.

No Vodu haitiano os espíritos são divididos de acordo com sua natureza em basicamente duas categorias, se são quentes ou frios. Os espíritos frios entram sob a categoria Rada, e os espíritos quentes entram sob a categoria Petro. Os espíritos de Rada são familiares e vêm na maior parte da África, e os espíritos de Petro são na maior parte nativos do Haiti e requerem mais atenção ao detalhe do que o Rada, mas ambos podem ser perigosos se irritados ou contrariados. Nenhum é “bom” ou “mau” com relação ao outro.
Diz-se que todos possuem espíritos, e cada pessoa é considerada como tendo um relacionamento especial com um espírito particular, que é dito “possuir sua cabeça”, porém uma pessoa pode ter um lwa, que possui sua cabeça, ou “met tet”, que pode ou não ser o espírito mais ativo na vida de alguém de acordo com os haitianos.
Ao servir os espíritos, o voduísta busca conseguir a harmonia com sua própria natureza individual e o mundo em torno dele, manifestado como fonte de poder pessoal relacionado à vida. Parte desta harmonia é preservar o relacionamento social dentro do contexto da família e da comunidade. Uma casa ou uma sociedade de Vodu é organizada pela metáfora de uma família extensa, e os noviços são os “filhos” de seus iniciadores, com o sentido da hierarquia e da obrigação mútua que implica.
A maioria de voduístas não-iniciada, é vista como “bosal”; não é uma exigência ser um iniciado a fim de servir aos espíritos. Há um clero no Vodu haitiano, cuja responsabilidade é preservar os rituais e as canções e manter o relacionamento entre os espíritos e a comunidade como um todo (embora isto seja responsabilidade de toda a comunidade também). Encarregados de conduzir o culto a todos os espíritos de sua linhagem, os sacerdotes são conhecidos como “Houngans” e sacerdotisas como “Manbos”. Abaixo dos houngans e das manbos estão os hounsis, que são os noviços que atuam como assistentes durante cerimônias e que são dedicados a seus próprios mistérios pessoais. Ninguém serve a qualquer lwa somente ao que se “têm” de acordo com o próprio destino ou natureza. Os espíritos que uma pessoa “tem” pode ser revelado em uma cerimônia, em uma leitura, ou nos sonhos. Entretanto, todo voduista serve também aos espíritos de seus próprios antepassados de sangue, e este aspecto importante da prática do Vodu é frequentemente subestimado pelos comentadores que não compreendem seu significado. O culto do antepassado é de fato a base da religião Vodu, e muitos lwas como Agassou (um antigo rei do Daomé) por exemplo, são de facto, ancestrais que foram elevados à divindade.
 
Liturgia e Prática
Após um dia ou dois de preparação de altares, preparando ritualmente e cozinhando galinha e os outros alimentos, etc., um ritual de Vodu haitiano começa com uma série de preces e de cantigas católicas em francês, e então uma litania em Kreyol e no “langaj africano” que abrange todos os santos e lwas europeus e africanos honrados pela casa, e depois em uma série dos invocações para todos os espíritos principais da casa. Isto é chamado o “Priyè Gine” ou o prece africana. Após mais canções introdutórias, começando com saudar o espírito dos tambores nomeado Hounto, as cantigas para todos os espíritos individuais são entoadas, começando com a família de Legba com todos os espíritos de Rada, a seguir há uma ruptura e a parte Petro do ritual começa, terminando com as cantigas para a família de Ghede. Ao serem entoadas as cantigas os espíritos virão visitar os presentes através da possessão dos indivíduos, falando e agindo com eles. Cada espírito é saudado e cumprimentado pelos noviços presentes e dará consultas, conselhos e curas àqueles que solicitarem por sua ajuda. Muitas horas mais tarde nas primeiras horas da manhã, a última canção é entoada, despede-se os convidados, e todos os hounsis, houngans e manbos esgotados podem ir dormir.
Individualmente, um voduista ou um “sevité”/”serviteur” pode ter um ou mais altares preparados para seus antepassados e o espírito, ou os espíritos, a que serve com retratos ou estátuas dos espíritos, de perfumes, de alimentos, e de outras coisas preferidas por seus espíritos. O altar mais básico é apenas uma vela branca e um copo de água e talvez flor. No dia de um espírito particular, acende-se uma vela e então sauda-se e fala ao espírito particular como um membro mais velho da família. Os antepassados são chamados diretamente, sem mediação de Papa Legba, já que são “do sangue”.

CD: NA GIRA DAS CRIANÇAS

 
 

CD: VIVA SÃO JORGE

 

CD: NA GIRA DOS CABOCLOS

 
 

domingo, 28 de outubro de 2012

CD: XIRÊ AOS ORIXÁS ( PAI BEL DE OXUM)



 
Um dos primeiros Cd que eu escutei.Lindo d+
 
Pai Bel de Oxum é um famoso Pai de Santo da Bahia, foi nele, que o saudoso humorista Chico Anysio se inspirou para criar o personagem Painho.
Neste Disco, há Cantigas das Nações de Angola e Ijexá, sendo que algumas Cantigas são em Português.
Os Ogans tocam bem, assim como o coro, bem característico dos Candomblés, e a voz de Pai Bel de Oxum, fazem deste lp um dos melhores trabalhos de Candomblé Angola e Ijexá de todos os tempos.
Saravá Pai Bel de Oxum!
Salve Angola e Ijexá!

CD: NO REINO DE EXÚ

 

CD: EXÚ REI DA LIRA

 
 
 
 
 
 
 
Um dos melhores cd´s de Exú, representando bem o povo da Lira.

sábado, 27 de outubro de 2012

OFERENDAS PARA INKICES

 
 

INKICES


Os Inkices

 

Os Inkices são para os Bantus o mesmo que Orixás para os Iorubas, ou ainda, o mesmo que vodum para os Daometanos. Muitos autores cometem o mesmo erro ao tratar das semelhanças existentes entre um Inkice, Orixá ou Vodum, pois confundem semelhanças com correspondência, fazendo-nos acreditar que na verdade se tratam da mesma divindade apenas com nome distinto. Esta visão é equivocada, e cabe a nós desfazermos tal equívoco.

Cada Inkice, Orixá ou Vodum possui peculiaridades próprias, tratamento e culto diferenciados. Pode-se sim, dizer que existem pequenas coincidências, como por exemplo, o fato de Kabila, Oxóssi e Otulu serem caçadores, ou ainda, por usarem as mesmas cores. Mas não há que se confundirem um e outro, pois mesmo em suas origens na África se diferem, sendo o primeiro (Kabila) originário do Congo, o segundo (Oxóssi) originário das terras Iorubas e o último (Otulu) do Reino do Dahomé.

Desta forma, elenco abaixo alguns dos Inkices de Angola e Congo, sem fazer qualquer correspondência entre Orixá ou Vodum, dando ao lado de seus nomes uma breve descrição:

Aluvaiá, Bombojira, Pambu Njila.
 
É o Inkice responsável pela comunicação entre as divindades e os homens. Está nas ruas, é a este Inkice que pertencem as "bu dibidika jinjila" (encruzilhadas). Suas cores são preto, vermelho e azul arroxeado.

Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe.

É o inkice da guerra, das estradas. É a ele que se fazem oferendas com o fim de obter abertura de caminhos. Sua cor é o azul escuro.

Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange.

Inkice caçador, habita as florestas ou montanhas. É o responsável pela fartura, pela abundância de alimentos. Suas cores: azul celeste para Mutambô e Kabila, verde para Lambaranguange e azul e branco para Gongobila.

Katendê.

Inkice dono dos segredos das “insabas" (folhas, ervas). Sua cor é o verde ou verde e branco.

Zaze, Loango.

Inkice responsável pela distribuição da Justiça entre os homens. Suas cores são: vermelho e branco.

Kaviungo ou Kaviungo, Kafungê.

É o inkice responsável pela saúde, estando intimamente ligado à morte. Usa preto, vermelho, branco.

Angorô e Angoroméa.

Assim como Bombojira, auxiliam na comunicação entre as divindades e os homens. São representados por uma cobra, sendo o primeiro (Angorô) masculino e o segundo (Angoroméa) feminino.

Kitembo ou Tempo.

É o responsável pelo tempo de forma geral, e especificamente, pelas mudanças climáticas (como chuva, sol, vento etc.), portanto, atribuído a ele, o domínio sobre as estações do ano. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca. Usa cores fortes, como: vermelho, azul, verde, marrom e branco.

Tere-Kompenso.

É um jovem caçador que obtém seu sustento ora através da caça, ora através da pesca. Suas características são as mesmas das dos caçadores (Kabila, Mutambô, Gongobila, Lambaranguange) unidas às características dos Inkices da água doce (Kisimbe Samba). Suas cores: azul claro e amarelo ouro.

Matamba

Trata-se de um inkice feminino. É guerreira e está intimamente ligada a morte, por conseguir dominar os mortos ("Vumbe"). Suas cores são o vermelho e o marrom avermelhado.

Kisimbe Samba.

Inkice feminino, representa a fertilidade, é a grande mãe. Seu domínio é sobre as águas doces. Sua cor é o amarelo ouro e o rosa.

Kaitumbá, Mikaiá.

Também um inkice feminino, tem domínio sobre as águas salgadas (“ Kalunga Grande” , o mar ). Sua cor: branco cristal.

Zumbarandá.

É um inkice feminino, representa o início, vez que, é a mais velha das mães. Também tem relação estrita com a morte. Sua cor: roxo.

Wunge.

É o mais novo dos Inkices. Representa a mocidade, a alegria da juventude. Durante o toque para este inkice, a dança se transforma numa grande brincadeira.

Lembá Dilê

Inkice da criação, ora apresenta-se como jovem guerreiro, ora como velho curvado. Está ligado a criação do mundo. Quando jovem tem como cores o branco e o azul, quando de idade avançada, apenas o branco.

Zambi, Zambiapongo.
Não se trata de um inkice, mas sim do Deus Supremo, o grande criador

terça-feira, 16 de outubro de 2012

REZA PARA ORI


DOCUMENTARIO



 
 
 

Dança das Cabaças - Exu no Brasil
Duração: 54 min.
Formato: Mini DV
Direção: Kiko Dinucci
Fotografia:, Tatiana Nolla, Luciano Luis Valério, Marcelo Kazuo
Consultoria: Nelson Ribeiro
Montagem: Luciano Valério
Cânticos: Sapopemba
Técnico de gravação(cânticos): Rogério Rochlitz
Sonoplastia : Jorge Peña, Silvio Franco, Alex Macedo
Projeto Gráfico: Gina Dinucci
Paticipação especial : Ivan Mesquita, Roseli de Melo Souza
Produção: Kiko Dinucci e Cine Baquira filmes
Entrevistados:
-Professor Doutor Reginaldo Prandi
(Professor Titular de Sociologia da USP, São Paulo-SP)
-Professora Doutora Marta Heloísa Leuba Salum
(Museu de Arqueologia e Etnologia da USP,São Paulo-SP)
-Iya Sandra Medeiros Epega
(Ilé Leuiwyato, Guararema-SP)
-Babalawô Adejimi Aderotimi Adefolurin
(Ilê Axé Olodumare, São Paulo-SP)
-Babalorixá Carlos Alberto de Camargo de Oxum
(Ilê Axé Egbé Nji Bun Mi, Guarulhos-SP)
-Toy Vodunnon Francelino de Shapanan
(Casa das Minas de Thoya Jarina, Diadema-SP)
-Egbonmi Conceição Reis de Ogum
(O canto do Rouxinol, São Paulo-SP)
-Tata Tawá Joselito da Conceição
(Inzo N'kisi Musambu Unkuanxetu, São Paulo-SP)
-Tata Walmir Katuvanjesi Damasceno
(Inzo Tumbansi , São Paulo-SP)
-Mãe Rita de Cassia Cordeiro
(Templo de Umbanda Ogum Iara, São Paulo)
-Pai Milton Alves dos Santos
(SINAFRO, São Paulo-SP)
-Padre José Enis de Jesus
(Instituto do Negro Padre Batista, São Paulo-SP)
-Pastor Elias de Andrade Pinto
(Igreja Presbiteriana Independente, São Paulo-SP)
-Ogã Gilberto Ferreira de Exú
(Ilê Iyá Oxum Muyiwá, São Paulo-SP)
-Tata Antonio Katulem Burange de Amorim
(Ilê Axé de Hozoani, Parelheiros-SP)
- Pai João Lamburancimbe
(Ilê Axé de Obaluayê, Guarulhos-SP)
-Mãe Daran Suru
(Gege Savalú Cocunda de Iaiá, Carapicuiba-SP)

domingo, 30 de setembro de 2012

FILME - DEVOÇÃO

 

VASO DE PRETO VELHO

 
 

LENDA DE OXOSSI


OXÓSSI

Okê!

Olofin era um rei africano da terra de Ifé, lugar de origem de todos os iorubas. Cada ano, na época da colheita, Olofin comemorava, em seu reino, a Festa dos Inhames. Ninguém no país podia comer dos novos inhames antes da festa. Chegado o dia, o rei instalava-se no pátio. do seu palácio. Suas mulheres sentavam-se a sua direita, seus ministros sentavam-se à sua esquerda, seus escravos sentavam-se atrás dele, agitando leques e espanta-moscas, e os tambores soavam para saudá-lo. As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma. Elas comemoravam e brincavam. De repente, um enorme pássaro voou sobre a festa. O pássaro voava à direita e voava à esquerda... Até que veio pousar sobre o teto do palácio. A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras, furiosas porque não foram também convidadas para a festa. O pássaro causava espanto a todos! Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa direita cobria o lado esquerdo do palácio, sua asa esquerda cobria o lado direito do palácio, as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça, o portal da entrada. As pessoas assustadas comentavam: "Ah! Que esquisita surpresa?" "Eh! De onde veio este desmancha-prazeres?" "lh! O que veio fazer aqui?" "Oh! Bicho feio de dar dó!" "Uh! Sinistro que nem urubu!" "Como nos livraremos dele?" "Vamos, rápido, chamar os caçadores mais hábeis do reino." De ldô, trouxeram Oxotogun, o "Caçador das vinte flechas”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte flechas. Oxotogun afirmou: “Que me cortem a cabeça se eu não o matar! “E lançou suas vinte flechas, mas nenhuma atingiu o enorme pássaro. O rei mandou prendê-lo. De Morê, chegou Oxotogí, o "Caçador das quarenta flechas”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas quarenta flechas. Oxotogí afirmou: “Que me condenem à morte, se eu não o matar! “E lançou suas quarenta flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prendê-lo.

De Ilarê, apresentou-se Oxotadotá, o "Caçador das cinquenta flechas”. Oxotadotá afirmou: “Que exterminem toda a minha fanu1ia, se eu não o matar”. Lançou suas cinquenta flechas e nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prendê-lo. De Iremã, chegou, finalmente, Oxotokanxoxô, o "Caçador de uma flecha só”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua única flecha. Oxotokanxoxô afirmou: “Que me cortem em pedaços se eu não o matar! “Ouvindo isto, a mãe de Oxotokanxoxô, que não tinha outros filhos, foi rápido consultar um babalaô, o adivinho, e saber o que fazer para ajudar seu único filho”. “Ah”! - disse-lhe o babalaô. “Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte tomar-se-á riqueza. “E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradasse às feiticeiras. A mãe sacrificou, então, uma galinha, abrindo-lhe o peito, e foi rápido, colocar na estrada, gritando três vezes: “Que o peito do pássaro aceite este presente”! “Foi no momento exato que Oxotokanxoxô atirava sua única flecha”. O feitiço pronunciado pela mãe do caçador chegou ao grande pássaro. Ele quis receber a oferenda e relaxou o encanto que o protegera até então. A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno peito. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu. A notícia espalhou-se: “Foi Oxotokanxoxô, o “Caçador de uma flecha só”, que matou o pássaro”! O Rei lhe fez uma promessa, se ele o conseguisse! Ele ganhará a metade da sua fortuna! Todas as riquezas do reino serão divididas ao meio, e uma metade será dada a Oxotokanxoxô! “Os três caçadores foram soltos da prisão e, como recompensa, Oxotogun, o "Caçador das vinte flechas”, ofereceu a Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios; Oxotogí, o "Caçador das quarenta flechas", ofereceu-lhe quarenta sacos; Oxotadotá, o "Caçador das cinquenta flechas", ofereceu-lhe cinquenta. E todos cantaram para Oxotokanxoxô. O babalaô, também, juntou-se a eles, cantando e batendo em seu agogô:

"Oxowusi! Oxowusi! Oxowusi!!!

“O caçador Oxo é popular”! “E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado Oxowusi”.

Oxowusi! Oxowui!! Oxowusi!!!

sábado, 29 de setembro de 2012

PRECE A XANGO - ROBERTO RIBEIRO





LENDA DE OGUM


OGUM

Ogum Yêêê!

 

Ogum era o mais velho e o mais combativo dos filhos de Odudua, o conquistador e rei de Ifé. Por isto, tomou-se o regente  do reino quando Odudua, momentaneamente, perdeu a visão. Ogum era guerreiro sanguinário e temível. “Ogum, o valente guerreiro, o homem louco dos músculos de aço”! Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue! “Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos”. Ele trazia sempre um rico espólio de suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odudua, seu pai, rei de Ifé. “Ogum o violento guerreiro, o homem louco, dos músculos de aço”. Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue! “Ogum teve muitas aventuras galantes”. Ele conheceu uma senhora, chamada

Elefunlosunlori "aquela-que-pinta-a-cabeça-com-pó-branco-e-vemelho. Era a mulher de Orixá Okô, o deus da Agricultura. De outra feita, indo para a guerra, Ogum encontrou, à margem de um riacho, outra mulher, chamada Ojá, e com ela teve o filho Oxóssi. Teve, também, três outras mulheres que tomaram-se, depois, mulheres de Xangô, Kawo Kabieyesi Alafin Oyó Alayeluwa!

Saudemos o Rei Xangô, o dono do palácio de Oyó, Senhor do Mundo! “A primeira, Iansã, era bela e fascinante; a segunda, Oxum, era coquete e vaidosa; a terceira, Obá, era vigorosa e invencível na luta”.

Ogum continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê lodê lrê "Ogum das sete partes de Irê “Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei”. Ele é saudado como Ogum Onirê! “Ogum Rei de Irê”!”.

Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa "akorô”. Daí ser chamado, também, de Ogum Alakorô:

 

- "Ogum dono da pequena coroa". Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê; tudo acompanhado de muito vinho de palma. "Ogum, violento guerreiro, o homem louco dos músculos de aço. Ogum, que tendo água em casa, lava-se com sangue!" “Os prazeres de Ogum são o combate e as brigas”. O terrível orixá, que morde a si mesmo sem dó! Ogum mata o marido no fogo e a mulher no fogareiro. Ogum mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada!

Ogum, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ogum tomara-se um orixá.

LENDA DE EXÚ


EXU

Laroyê!

Exu é o mais sutil e o mais astuto de todos os orixás. Ele aproveita-se de suas qualidades para provocar mal-entendidos e discussões entre as pessoas ou para preparar-lhes armadilhas. Ele pode fazer coisas extraordinárias como, por exemplo, carregar, numa peneira, o óleo que comprou no mercado, sem que este óleo se derrame desse estranho recipiente! Exu pode ter matado um pássaro ontem, com uma pedra que jogou hoje! Se zanga-se, ele sapateia uma pedra na floresta, e esta pedra põe-se a sangrar! Sua cabeça é pontuda e afiada como a lâmina de uma faca. Ele nada pode transportar sobre ela. Exu pode também ser muito malvado, se as pessoas se esquecem de homenageá-lo. É necessário, pois, fazer sempre oferendas a Exu, antes de qualquer outro orixá. A segunda-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. É bom fazer-lhe oferendas neste dia de farofa, azeite de dendê, cachaça e um galo preto. Certa vez, dois amigos de infância, que jamais discutiam, esqueceram-se, numa segunda-feira, de fazer-lhe as oferendas devidas. Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. Exu, zangado pela negligência dos dois amigos, decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira. Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e, muito educadamente, cumprimentou-os: "Bom trabalho, meus amigos! “Estes, gentilmente, responderam-lhe: "Bom passeio, nobre estrangeiro! "Assim que Exu afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita, falou para o seu companheiro: “Quem pode ser este personagem de boné branco? “Seu chapéu era vermelho", respondeu o homem do campo à esquerda. “Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe”! "“ Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável! “Ele era branco, tratas-me de mentiroso”?" "Ele era vermelho, ou pensas que sou cego?"

Cada um dos amigos tinha razão e estava furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se até matarem-se a golpes de enxada. Exu estava vingado! Isto não teria acontecido se as oferendas a Exu não tivessem sido negligenciadas. Pois Exu pode ser o mais benevolente dos orixás se é tratado com consideração e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor de Exu.

É preparar-lhe um golpe mais astuto que-aqueles que ele mesmo prepara. Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam áridos, a chuva não caía. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum orixá invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Exu grandes pedaços de carne de bode. Exu comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Exu teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede! Exu foi à torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia de depois, sem parar. Os campos de Aluman tomaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória:

"Joro, jara, joro Aluman,

Dono dos dendezeiros, cujos cachos são abundantes!

Joro, jara, joro Aluman,

Dono dos campos de milho, cujas espigas são pesadas!

Joro, jara, joro Aluman,

Dono dos campos de feijão, inhame e mandioca!

Joro, jara, joro Aluman! "

E as rãzinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar! Aluman, reconhecido, ofereceu a Exu carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta. Havia chovido bastante. Mais seria desastroso! Pois, em todas as coisas, os demais é inimigo do bom.